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Astrigilda Lopes

Atualizado: 6 de jun. de 2021

Licenciada em Optometria e Ciências da Visão pela Universidade do Minho, Pós-Graduada em Ciências da Educação, com especializações em Administração Escolar e Supervisão Pedagógica e habilitada ainda com uma especialização em Estratégias de Investigação Social aplicadas ao Ensino Superior.


Quando regressei a Cabo Verde, em 2009, o facto de não ter tido a possibilidade de ingressar, profissionalmente, na minha área de formação inicial, revelou-se uma grande oportunidade de abir os meus horizontes. Assim, aquilo que poderia ser considerado um infortúnio, possibilitou-me a experiência de ir ao encontro da minha inclinação e vocação para a docência, o que me fez investir fortemente a nível de aquisição de novas qualificações profissionais e desenvolver outras habilidades.


Não foi difícil a integração a uma nova área profissional. A minha identidade pessoal, nomeadamente as caraterísticas pessoais e sociais como a determinação, espírito de entrega, otimismo, criatividade, comunicação, liderança, o grande apreço por ambientes de aprendizagem formal e informal e de partilha de conhecimentos, bem como a visão integradora de que é salutar para o clima e cultura organizacionais a troca de experiências, inputs e Know how intergeracional entre os que chegam e os mais experientes, ditaram a minha adequação ao novo ambiente profissional.


Posteriormente, tive a oportunidade de conciliar as duas profissões: a de docente nos ensinos secundário e superior e a de optometrista resultando numa experiência que, apesar de muito exigente, foi enriquecedora.

Hoje, com o processo de maturação, vejo que a minha jornada académica de alto desempenho e o meu percurso profissional diversificado trouxeram-me valências em diversas áreas de conhecimento como: saúde, a educação, o comércio, as ciências socias e que me possibilitaram oportunidades e contextos que me permitiram desenvolver competências técnicas e sociais fundamentais como a versatilidade, abertura e curiosidade para novas temáticas, a capacidade de adaptação aos novos ambientes e às mudanças, o planeamento e a organização. Tudo isso tem contribuído para desenvolver uma visão estratégica do país e do mundo, integrando saberes de diferentes setores.


Foi no exercício das atividades profissionais como coordenadora pedagógica da DME- SV que ficou evidenciado uma das minhas veias e linha mestra de ação atualmente: a intervenção social. Fui sendo destacada para atuar em questões de natureza social junto aos parceiros: na proteção infantil, igualdade e equidade de género, associativismo, sempre trabalhando em rede e promovendo a integração da educação com o meu envolmente. Rapidamente, a minha sensibilidade e consciências individual e do coletivo ditaram que o meu engajamento às causas proporcionasse a procura de respostas e soluções com impacto para a vida dos alunos e famílias, extrapolando o ambiente profissional e tornando o ativismo social um dos meus eixos de atuação como cidadã interventiva.


A convicção, o sentido de missão e de pertença, a coerência e a lealdade são traços marcantes da minha forma de ser, de estar, de conviver e relacionar para com os que são e os que estão no meu círculo de influência, sendo por isso as forças motrizes que me fazem querer agregar valor, colocando os meus talentos, competências e habilidades ao serviço para elevar os que estão ao meu alcance e, assim, contribuir para o bem coletivo.

Sempre tive os sentidos analítico e crítico apurados, e, a forma peculiar de ver as pessoas, as coisas e o mundo à minha volta tem sido traduzido, particularmente em formas de pensar, agir, reagir e de posicionar-me, muitas vezes numa atitude disruptiva e “fora da caixa”, mas sempre numa linha agregadora e construtivista.


Em casa, constantemente era apelidada de defensora d frask i komprimid (entenda-se: fracos e oprimidos), de advogada d kas pirdid, ou ainda de advogada d kem k t está ou bo ê du kontra, porque, não está na natureza da minha personalidade silenciar-me ou abster-me de posicionar-me perante situações de desigualdade ou injustiça. Assim, bem cedo, dentro do meu contexto familiar, percebi que, se quisesse ser ouvida, ter voz, ser respeitada e aceite teria de ser pela natureza das minhas escolhas, pela postura, exemplo e, sobretudo, pela ação.


Deste modo, o ativismo social ligado às questões de género e proteção infantil surgiu, naturalmente, devido ao meu perfil psicológico, social, profissional e politico e, porque tenho a crença enraizada que devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. Nesta senda, subscrevo a visão de que ao se investir numa menina ou mulher está-se a investir em toda a comunidade local e global, pelo efeito multiplicador e dominó que tem.

Igualmente, outra das motivações para o interesse em intervir em prol da igualdade de género tem que ver com o facto de descender de duas famílias constituídas maioritariamente por mulheres cujas vivências me inspiram a ser uma mulher melhor a cada dia. Por ser das mais novas, acredito que seja uma posição privilegiada para poder aprender com as experiências de todas e delas extrair lições que vão norteando as minhas escolhas. As mulheres da minha família, assim como muitas cabo-verdianas, têm um papel preponderante na estrutura dos seus núcleos familiares. Em jeito de brincadeira digo sempre que pertenço a uma dinastia de mulheres (rainhas) porque considero que todas temos como divisas a resiliência, liderança e a capacidade de superação, cada uma à sua maneira e dentro dos seus contextos e vivências.


De foro mais íntimo, considero-me uma pisciana espontânea, sensitiva, intensa, cosmopolita que adora sentir e fazer sentir, desfrutar a vida com os meus, tanto nas coisas simples quanto nas sofisticadas. cOrgulho-me das minhas raízes santatonenses, pelos valores familiares e culturais, da vivência mindelense e da minha abertura para todo o Cabo Verde e o mundo. Subscrevo que, somos modeladores e moldados pelo somatório das pessoas com quem privamos, lugares, vivências e culturas em que estamos inseridos.

A longo prazo, vejo que continuarei a ser uma eterna pesquisadora e aprendiz nas minhas áreas de interesse: educação, saúde, a política, o lazer, as artes, a cultura, o desenvolvimento emocional e espiritual.


Acredito fortemente na força dos afetos: o dado e recebido. Por isso digo sempre que o sentimento mais bonito que existe é todo aquele que estimula e encontra a reciprocidade.

Olho para a minha caminhada - o feito e o por percorrer - com enorme gratidão e a certeza que a vida é um privilégio em que os momentos difíceis são oportunidades, lições e chamados para que ocorram as aprendizagens necessárias para que possamos ser versões melhoradas a cada etapa, desde que estejamos conscientes que somos UM e que estamos aqui para evoluir em sabedoria e amor.


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